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Administração: programas de benefícios, motivação e capacitação dos funcionários dos condomínios
Além dos pagamentos corretos, oferecer formação adequada e benefícios funciona para manter uma equipe coesa e motivada no condomínio. É o que tem percebido a síndica profissional Mariza Carvalho Alves de Mello. Desde quando era síndica apenas do condomínio onde mora, o Athenas Garden, na Vila Clementino, zona Sul de São Paulo, Mariza sempre acreditou na importância de valorizar o funcionário. “Interesso-me pela realidade daquele ser humano que acorda muitas vezes de madrugada e só vai almoçar às 11 horas. Como ficar tantas horas sem se alimentar e trabalhar bem?”, questiona.
Assim, Mariza instituiu o café com leite pela manhã, com direito a pão e manteiga. Mas um acontecimento inesperado a fez levar mais a fundo seu interesse pelos colaboradores. “Eu estava na garagem e presenciei quando um deles se sentiu mal e desmaiou. Corri com ele para o Hospital do Servidor Público e fui testemunha da demora no atendimento e da dificuldade para dar continuidade ao tratamento que ele precisava. Pedi então para a administradora levantar o custo de um convênio médico para os funcionários”, conta.
Mariza afirma que o convênio médico somado ao lanche da equipe custa cerca de R$ 1 mil mensais para o condomínio, “valor que não fica pesado para os 80 apartamentos”, conclui. O sucesso da postura de valorização dos funcionários fez a atual síndica do Athenas Garden, Tânia Azoubel, manter os benefícios. “Já ouvi morador reclamar que oferecer café com leite é muita mordomia para os funcionários. Mas eu não vejo dessa forma. Já institui o lanche no Condomínio Uirapuru, onde sou síndica profissional, para os sete funcionários. Lá, a primeira medida que tomei foi reformar o refeitório, que foi todo azulejado. O local onde eles comiam era totalmente inadequado. Instalei micro-ondas e filtro, e hoje é um lugar decente para as refeições. Se queremos funcionários que trabalhem bem, a primeira coisa que precisamos oferecer são condições para isso”, aponta Mariza.
ALÉM DO OBRIGATÓRIO
A contadora e administradora de empresas Cristina Muccio Guidon, que escreveu o livro “Administrando Condomínios” em parceria com a advogada Evelyn Roberta Gasparetto, orienta os síndicos quanto aos benefícios obrigatórios, determinados na convenção coletiva da categoria: “O empregado de condomínio deve receber cesta básica, vale- -transporte e salário-família de acordo com a legislação”. Uniformes e EPIs também são um direito do trabalhador de condomínios, previsto na convenção de trabalho da categoria, que frisa a restituição das peças pelo empregado, “no estado de uso em que se encontrem, ao ensejo da extinção do contrato de trabalho”.
Na convenção 2011/2012, o valor da cesta básica foi fixado em R$ 130, e é facultado ao empregador cumprir a obrigação oferecendo vale-cesta ou a própria cesta básica. Segundo Omar Anauate, diretor de condomínios da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), alguns condomínios aumentam o valor da cesta básica. “É um benefício que não tem reflexo nos encargos da folha”, sustenta.
Para o diretor da entidade, quando o condomínio oferece benefícios além dos exigidos em lei, como assistência médica ou odontológica, nota-se um reflexo na estabilidade do quadro de funcionários. “Além disso, o síndico se sente mais seguro quando precisa contratar alguém novo para a equipe, porque sabe que será mais fácil arrumar um profissional de qualidade para a vaga. Esse tipo de benefício é o que pode diferenciar um condomínio do outro”, constata Anauate.
FOCO NA FORMAÇÃO CONTÍNUA
Mais do que um fator de motivação, treinamento constante é uma necessidade para os condomínios. “Hoje, colocar um porteiro sem formação na atividade é temerário. É preciso um mínimo de capacitação principalmente com relação à segurança e ao atendimento dos moradores”, aponta o diretor da Aabic. Se o foco for apenas segurança, os cursos in loco, personalizados para a realidade do condomínio, podem render bons resultados, já que o instrutor dará as orientações para as rotinas específicas daquele condomínio.
Promovidos por instituições da área de condomínios (caso da própria Aabic, do Sindifícios e do Secovi), ou por empresas privadas (Confira a programação do Curso de Treinamento em Segurança que será promovido pelo Grupo Direcional, na pág. 4 desta edição), os cursos para funcionários não são obrigatórios. Eles acontecem mais pelo empenho do próprio síndico em manter sua equipe atualizada. Porém, projeto do Sindifícios (Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo) que propõe a regulamentação da categoria, caso concretizado, irá mudar esse panorama. A entidade batalha por um projeto de lei sobre o assunto.
Zeladores, porteiros, ascensoristas, garagistas, vigias, manobristas, faxineiros e outros atuam, hoje, com atividades estabelecidas para cada função. Porém, o Sindifícios acredita que, com a regulamentação, tais funcionários serão obrigados a ter cursos de formação profissional, o que elevará o nível de cada trabalhador, bem como aumentará seus benefícios, garantias e salários.
Para o presidente do Sindicato, Paulo Ferrari, a ideia é que os cursos sejam custeados pelo empregador e oferecidos através de parceria dos sindicatos com instituições de renome. “Tais cursos, além de formar um profissional bem treinado e capacitado para suas funções, darão noções de legislação trabalhista, dever cívico e segurança pública. Essa é a tendência de todas as categorias que não são regulamentadas. Se formarmos nossos trabalhadores e os transformarmos em profissionais, certamente os patrões vão rever as relações de trabalho e nós só teremos a lucrar com isso”, justifica Ferrari.
Enquanto a regulamentação não vem, vale continuar apostando na formação contínua. Para a administradora Cristina Guidon, inscrever os funcionários em cursos e palestras de aperfeiçoamento profissional deve ser uma preocupação cotidiana do síndico atuante. “Reuniões periódicas com os funcionários também devem ser incentivadas, pois representam uma oportunidade de o funcionário expor as dificuldades do dia a dia condominial, problemas recorrentes e outras situações que não podem ser tratadas na portaria do condomínio. Investir na capacitação profissional e em boa comunicação interna é fundamental para o bom êxito das tarefas dos empregados”, finaliza Cristina.
Fonte: http://www.direcionalcondominios.com.br
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